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Foto do escritorDieter Borgert

A história de Fritz, o joinvilense que montou os primeiros fuscas do Brasil e foi demitido por denun

Conheça a história de Marcílio da Cruz Lopes, o primeiro brasileiro e joinvilense registrado como Funcionário da Volkswagen do Brasil

Conheça a história de Marcílio da Cruz Lopes, o primeiro brasileiro e joinvilense registrado como funcionário da Volkswagen do Brasil

A chegada de Fritz na Volkswagen do Brasil

A história da indústria automobilística brasileira tem poucos nomes conhecidos, mas muitos personagens anônimos que foram importantes em suas passagens por várias empresas e fábricas. Um desses personagens é Marcílio da Cruz Lopes, conhecido como Fritz, o primeiro brasileiro registrado como funcionário da Volkswagen do Brasil.

Fritz era natural de Joinville, Santa Catarina, e foi adotado por um casal de imigrantes alemães (casal Noack) que lhe ensinaram a falar alemão tão bem quanto o português. Quando foi para São Paulo, sem dinheiro no bolso, arrumou um trabalho como lavador de carros na Volkswagen do Brasil.

O papel de Fritz na montagem dos primeiros fuscas no Brasil

Um belo dia, o presidente da empresa, o alemão Friedrich Wilhelm Schultz-Wenk, foi pegar seu Fusca recém-lavado e Fritz aproveitou a oportunidade para falar com ele em bom alemão. A partir daí, Fritz começou a ajudar na montagem dos Fuscas e atuava como uma espécie de ponte entre a diretoria e o chão de fábrica.

Tornou-se notável a expressão “Fritz, komm her!” (“Fritz, venha cá!”), que Schultz-Wenk sempre bradava quando algo era necessário. Um dos casos mais notórios foi quando chegou a primeira Kombi em CKD, cujas instruções de montagem estavam em alemão.

E Fritz, do alto de sua simplicidade, ainda conseguiu marcar presença na histórica fotografia em que estão os dois executivos acompanhados do presidente Juscelino Kubitschek desfilando em um Fusca conversível dentro da fábrica — imagem simbólica do começo da indústria nacional de carros.

A amizade de Fritz e Schultz-Wenk

Com o tempo, Fritz e Schultz-Wenk cultivaram uma relação de confiança e amizade. Fritz passou a chamar o presidente da empresa, carinhosamente, de Frederico. O ápice foi quando o presidente mundial da Volkswagen, Heinrich Nordhoff, veio ao Brasil para inaugurar a fábrica da Anchieta, em 1959, e Fritz foi destacado por Schultz-Wenk para atuar como babá dos familiares do executivo que o acompanharam na viagem.

A demissão de Fritz por denunciar caso de corrupção

No entanto, a vida de Fritz na Volkswagen do Brasil chegou ao fim quando ele denunciou um caso de roubo de peças que saíam escondidas em Fuscas enviados às concessionárias. A partir daí, a lista de inimigos de Fritz cresceu em vários níveis hierárquicos e ele acabou sendo demitido.

Dali para a frente, a vida de Fritz despinguelou ladeira abaixo. Na pior fase, ele chegou a morar na rua, na periferia de São Paulo, e nunca recebeu nenhum reconhecimento ou apoio por parte da Volkswagen do Brasil em seus momentos mais difíceis.

O legado de Fritz

A história de Fritz é uma história de coragem e luta contra a corrupção, mas também é uma história de superação e resiliência. Fritz, um brasileiro negro adotado por imigrantes alemães em Joinville, conseguiu se destacar na indústria automobilística brasileira e ser reconhecido como o primeiro brasileiro registrado como funcionário da Volkswagen do Brasil.

Apesar de ter sido demitido injustamente e ter enfrentado muitas dificuldades após a denúncia de corrupção, Fritz não desistiu e continuou lutando para sobreviver. Sua história deve ser lembrada não só por sua contribuição para a indústria automobilística brasileira, mas também por sua força e determinação.

Como joinvilense, Fritz representou muito bem sua cidade e sua cultura, mostrando que é possível superar os obstáculos e conquistar seus objetivos, mesmo em um cenário desafiador. Sua história deve servir de inspiração para todos aqueles que buscam alcançar seus sonhos e enfrentar as adversidades com coragem e perseverança.

Apesar de nunca ter recebido o reconhecimento merecido da Volkswagen do Brasil, Fritz deixou um legado de luta e coragem que deve ser valorizado e lembrado. Que sua história inspire muitos outros joinvillenses e brasileiros a lutar por seus sonhos e a enfrentar os desafios da vida com determinação e resiliência.

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